Depois de transformar a Atalanta em protagonista no futebol italiano e europeu, Gian Piero Gasperini está de saída de Bérgamo. O treinador de 66 anos aceitou o desafio de comandar a Roma a partir da próxima temporada.
A troca de clube representa o fim de um ciclo histórico e o início de um novo projeto ambicioso, com a Roma apostando no estilo ofensivo e formador que consagrou Gasperini na última década.
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Revolução em Bérgamo
Gasperini chegou à Atalanta em 2016 após passagens por clubes como Genoa, Palermo e Crotone. Apesar da larga experiência, ainda não havia conquistado títulos relevantes e sua única tentativa em um gigante italiano, a Internazionale, havia durado apenas três meses em 2011. No entanto, em Bérgamo, encontrou o ambiente perfeito para consolidar seu estilo.
Nos anos anteriores à chegada do treinador, a Atalanta figurava entre os clubes da parte inferior da tabela da Serie A e jamais havia terminado entre os quatro primeiros colocados em nenhuma edição do futebol italiano. Logo em sua primeira temporada, porém, levou a equipe ao quarto lugar — um feito inédito na centenária história do clube fundado em 1907.
Ao longo de nove temporadas, Gasperini criou uma identidade de jogo baseada em pressão alta, dinamismo ofensivo e protagonismo técnico. A Atalanta não apenas passou a competir de igual para igual com os grandes, como também revelou talentos que se destacaram internacionalmente. Alessandro Bastoni (Inter de Milão), Cristian Romero e Kulusevski (Tottenham), Hojlund e Kessié são exemplos de jogadores lapidados por ele.
Números e títulos sob comando de Gasperini
Durante seu trabalho em Bérgamo, a Atalanta ocupou de forma consistente a metade superior da tabela no Campeonato Italiano. Foram seis campanhas no G4, incluindo três terceiros lugares consecutivos entre 2018/19 e 2020/21, e uma nova terceira colocação na atual temporada de 2024/25.
Entretanto, o ponto alto da trajetória aconteceu em 2023, com a conquista inédita da Liga Europa. Na final, a Atalanta superou o até então invicto Bayer Leverkusen por 3 a 0. O título coroou uma campanha histórica, que teve ainda uma impressionante vitória sobre o Liverpool nas quartas de final.
Essa conquista, além do marco esportivo, simboliza o vínculo profundo entre o treinador, o clube e os torcedores de Bérgamo, que viram sua pequena agremiação se transformar em símbolo de organização, ousadia e futebol bem jogado.
Novo desafio em Roma
Motivada em retomar o protagonismo nacional, a Roma ofereceu a Gasperini um contrato de 21 milhões de euros por três temporadas. O clube da capital italiana acredita que o italiano pode dar o salto de qualidade que técnicos anteriores, como José Mourinho e Claudio Ranieri, não conseguiram consolidar de forma duradoura.
Ranieri havia saído da aposentadoria para assumir o cargo de forma temporária nesta temporada, realizando um trabalho competitivo. Mesmo assim, ficou evidente que seria necessário um nome com um projeto mais estável e de continuidade para avançar a equipe de forma sustentável.
Na Roma, Gasperini encontrará um elenco jovem — a média de idade do plantel é de 24,4 anos — e com características que se aproximam de seu estilo. O meio-campista Dybala é o principal nome da equipe, e Tammy Abraham tem o potencial para se firmar como grande referência ofensiva. Os laterais, com forte presença ofensiva, e um goleiro em boa fase, completam a base que Gasperini poderá moldar.
Desafio continental e seca de títulos
A missão de levar a Roma de volta à Liga dos Campeões é uma das mais imediatas para o novo treinador. O clube não disputa a principal competição europeia desde a temporada 2018/19, quando foi eliminado nas oitavas de final.
Em termos de títulos, a Roma vive uma interrupção relevante no cenário nacional. Seus últimos troféus foram a Copa da Itália e a Supercopa Italiana, conquistadas em 2008. Em 2022, levantou a Conference League sob o comando de Mourinho, mas este foi um sucesso isolado.
A expectativa é que, com Gasperini, o time possa não apenas retornar à elite da Europa, como também estabelecer um modelo de jogo sustentado e competitivo, alicerçado em desenvolvimento técnico e tático — características que marcaram sua passagem vitoriosa por Bérgamo.
Atalanta projeta nova era
Com a iminente saída de Gasperini, a Atalanta inicia um novo ciclo. A cúpula do clube já se movimenta em busca de um substituto à altura. O principal nome ventilado até agora é o de Maurizio Sarri, que está livre no mercado desde sua saída da Lazio em março de 2024, após três temporadas.
Sarri é visto como capaz de manter a filosofia ofensiva e de posse de bola consolidada por Gasperini, além de contar com experiência em clubes médios e grandes, como Napoli, Juventus e Chelsea. Ainda assim, seu nome desperta interesse da própria Lazio, o que gera concorrência.
Outros profissionais em alta no futebol italiano também são cogitados, como Cesc Fàbregas, que comandou o Como em uma campanha surpreendente, e Vicenzo Italiano, destaque no Bologna. A Atalanta, porém, ainda não oficializou conversas com nenhum nome.
O momento é de transição, mas também de expectativa. A saída de Gasperini deixa um legado e um patamar elevado. Comparações serão inevitáveis, e o próximo comandante terá não apenas o desafio de manter a competitividade, mas também de escrever seu próprio capítulo em Bérgamo.
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