O retorno do Saint-Étienne à primeira divisão durou apenas uma temporada. Após uma campanha instável, o clube terminou a Ligue 1 2024/25 na 17ª colocação e foi novamente rebaixado para a Ligue 2.
Mesmo com esforço defensivo e jovens promessas no ataque, os Verdes não conseguiram evitar o rebaixamento. A queda marca mais um capítulo difícil na longa e histórica trajetória do clube francês.
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Queda precoce após retorno festejado
O Saint-Étienne encarou a temporada 2024/25 como a chance de reconstrução após dois anos na segunda divisão. O acesso havia sido conquistado com um suado terceiro lugar, gerando expectativa entre os torcedores e na própria equipe. No entanto, a realidade foi dura desde o início da Ligue 1, marcada por resultados irregulares e atuações apagadas.
Na última rodada, a derrota para o Toulouse selou o destino da equipe. Ao fechar a temporada com apenas 30 pontos, os Verdes terminaram na 17ª posição e foram rebaixados ao lado do Montpellier. O Reims, por sua vez, ainda disputa um playoff contra o Metz para definir se segue na elite.
Um elenco limitado e jovem
Sem poder de investimento suficiente, o Saint-Étienne optou por um elenco modesto, focado em força física e em uma estrutura defensiva com cinco zagueiros. O ataque ficou por conta de dois nomes promissores: o georgiano Zura Davitashvili, de 24 anos, e o belga Lucas Stassin, de apenas 20.
- Zura Davitashvili: autor de 9 gols na temporada.
- Lucas Stassin: maior destaque ofensivo, com 12 gols e 21 participações diretas em gols, somando os jogos pelo Westerlo e Saint-Étienne.
Stassin foi contratado por 10 milhões de euros e tem vínculo até 2028, mas a queda torna improvável sua permanência. O jovem atacante é hoje o principal ativo financeiro do clube e pode protagonizar uma transferência importante no próximo mercado.
Rebaixamento agravado por limitações estruturais
Mesmo sendo um dos clubes com maior tradição do futebol francês, com 10 títulos da Ligue 1, o Saint-Étienne há décadas não atua em pé de igualdade com as potências nacionais. Desde o título de 1981, a equipe coleciona momentos de instabilidade. Escândalos extracampo, más gestões e limitações econômicas comprometeram o desempenho a longo prazo.
A última queda antes desta havia ocorrido em 2022, quando o Paris Saint-Germain igualou a marca de conquistas nacionais dos Verdes – hoje, o PSG lidera isolado com 13 títulos. Após essa queda, o clube passou duas temporadas na Ligue 2 até obter o acesso. Agora, o novo rebaixamento confirma a fragilidade da estrutura esportiva e administrativa do Saint-Étienne.
Histórico de altos e baixos recorrentes
O declínio dos Verdes começou ainda nos anos 80, com a prisão de dirigentes após denúncias de irregularidades financeiras. Em 1983, o Saint-Étienne foi rebaixado pela primeira vez desde sua ascensão à elite. Em 2001, uma nova queda ficou marcada por um episódio simbólico: o escândalo de passaportes falsos envolvendo o brasileiro Alex Dias, que resultou na perda de pontos no tribunal.
Apesar das dificuldades, o clube conseguiu manter-se na elite por décadas consecutivas entre 2004 e 2022. Esta sequência foi interrompida naquele ano, e agora, após uma única temporada de retorno, a equipe volta à Ligue 2, somando mais um rebaixamento à sua trajetória recente.
O momento atual reforça a distância entre a história rica e os desafios presentes do clube. Longe da hegemonia esportiva que marcou seu passado, o Saint-Étienne precisa, mais uma vez, reconstruir-se em meio à decepção de uma torcida que segue fiel, mas cansada de promessas não cumpridas.