O Vasco reencontrou sua grandeza em uma noite histórica ao golear o Santos por 6 a 0 no MorumBIS, resultado que entrou para os livros do clássico centenário. O feito encerrou um jejum de 24 anos sem vitórias por seis gols de diferença.
Por outro lado, o massacre expôs falhas profundas no elenco santista, mergulhando o time em sua maior crise desde a temporada de 1953. O técnico Cléber Xavier foi demitido e Neymar chorou após o apito final.
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A maior vitória da história do duelo
O embate entre Vasco e Santos deste segundo turno do Campeonato Brasileiro ficará marcado como o confronto de maior desequilíbrio já registrado entre as duas equipes. Nunca uma partida entre os dois gigantes havia terminado com tamanha diferença: o Vasco nunca havia feito seis gols no Santos sem sofrer nenhum. Até então, os placares mais expressivos envolveram vitórias por 5 a 1, tanto de um lado quanto do outro, em diferentes competições ao longo da história.
A vitória por 6 a 0 não apenas garantiu três pontos para o Vasco, como também serviu como símbolo de uma virada na temporada. O clube, que passou por um início irregular e chegou a figurar entre os últimos colocados em rodadas anteriores, reencontra agora um mínimo de consistência. A energia demonstrada em campo evidencia o resultado de mudanças no elenco e no comando técnico — ao contrário do que se viu no lado adversário da partida.
Um Vasco redescobrindo sua identidade
Desde os anos 2000, o Vasco acumula momentos sombrios, com rebaixamentos e campanhas decepcionantes. A última vez que havia vencido por uma diferença de ao menos seis gols foi na goleada de 7 a 1 sobre o São Paulo, em 2001, também pelo Brasileirão. Naquele mesmo ano, o time ainda venceu o Guarani pelo mesmo placar, embora não tenha avançado para o mata-mata do torneio.
A vitória diante do Santos tem peso ainda maior pelo contexto recente do clube. Em um ano de reconstrução, pressionado por resultados ruins e desconfiança da torcida, a performance avassaladora reacendeu a confiança dos cruz-maltinos. Os seis gols marcados simbolizam uma resposta contundente, e a equipe, embora ainda longe dos primeiros colocados, respira aliviada na tabela.
O pior Santos desde antes da Era Pelé
Para o lado santista, a partida trouxe à tona feridas profundas. O time, que voltou à Série A após conquistar a Série B em 2024, vê-se em situação ameaçadora. A derrota no MorumBIS representou não apenas mais uma goleada, mas também o reflexo de uma campanha desordenada e tecnicamente preocupante.
Com a demissão do técnico Cléber Xavier logo após a derrota, o Santos entra em mais um ciclo de instabilidade. Antes dele, Pedro Caixinha já havia sido dispensado, ainda no primeiro turno, após outro revés contra o Vasco. Na ocasião, o presidente Marcelo Teixeira criticou fortemente a atuação da equipe, afirmando que "era jogo para três pontos".
Em números, a crise já se traduz em índices históricos. Até o momento, o Santos tem 15 derrotas em 35 partidas na temporada, um índice de 42,86%. Trata-se da pior campanha desde 1953, quando o clube acumulou 18 reveses em 37 jogos. Aquele ano, vale lembrar, antecedeu a chegada de Pelé ao clube e marcou uma das décadas mais instáveis do time da Vila.
Neymar sofre a pior derrota da carreira
A debandada generalizada em campo teve reflexos inclusive no maior ídolo da atualidade santista. Neymar, que retornou ao clube cercado de expectativa, terminou a partida aos prantos. Acostumado a grandes noites e conquistas, o camisa 10 viu seu time ser atropelado em casa, na pior derrota de sua trajetória como jogador profissional.
Até então, os piores placares vividos por Neymar haviam sido duas derrotas por 4 a 0: a primeira, em 2011, pelo próprio Santos na final do Mundial de Clubes diante do Barcelona, e a segunda, com o próprio Barça diante do PSG, pela Champions League. Ambas, no entanto, foram momentaneamente superadas ou contextualizadas por fatores técnicos ou confrontos de volta. Já o baque diante do Vasco não oferece escapatória — foi absoluto em campo e irrecuperável no placar.
O momento emocional de Neymar expõe o quanto o projeto de retorno ao Santos — com a ambição de reconstruir a grandeza da equipe — ainda está longe de entregar frutos. Resta saber se a diretoria e o novo treinador saberão dar resposta a tempo de evitar mais um rebaixamento.
Reta final com riscos reais
Faltando ainda muitas rodadas para o término do Brasileirão, o Santos amarga a 15ª colocação com desempenho irregular. São apenas dois pontos de vantagem sobre o Vitória, que neste momento abre a zona da degola. A preocupação nos bastidores, combinada ao desânimo evidente no grupo de jogadores, acende o alerta para um final de campeonato que pode terminar em tragédia esportiva.
Enquanto isso, o Vasco parece ganhar novo fôlego em busca da permanência e, quem sabe, um posicionamento mais honroso na tabela. A goleada é simbólica não apenas pelos números, mas pela inversão de contextos: se antes era o cruz-maltino o ameaçado, agora é o Santos quem vive seu momento mais turbulento em décadas.
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