De preterido no banco de reservas a nome mais celebrado pelo torcedor colorado no ataque. Ricardo Mathias resgatou o protagonismo ofensivo do Internacional em um dos momentos mais delicados da temporada.
Em meio às ausências de Enner Valencia e Rafael Borré, o jovem se apresentou como solução inesperada e decisiva. Com dois gols em dois jogos, saiu da sombra e virou esperança para a sequência do time.
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Ascensão em meio às dificuldades
Até meados de maio de 2025, Ricardo Mathias era apenas uma promessa à espera de espaço. No elenco principal do Internacional, ocupava a quarta posição entre os centroavantes, atrás de nomes consagrados como Valencia e Borré, além de Lucca. No entanto, a sequência de lesões e rendimentos abaixo do esperado de seus concorrentes abriu caminho para uma mudança significativa.
Com Valencia afastado por problemas físicos e Borré também entregue ao departamento médico, Roger Machado decidiu testar alternativas. Lucca, então terceira opção, falhou em corresponder e chegou ao nono jogo consecutivo sem marcar.
Nos poucos minutos em campo contra o Botafogo e o Atlético Nacional pela Libertadores, Ricardo Mathias mostrou personalidade. Suas atuações ganharam destaque, mesmo em participações breves. O desempenho chamou atenção do treinador, que decidiu apostar no jovem no duelo seguinte da Libertadores.
Protagonismo em momento decisivo
A virada na trajetória do atacante aconteceu em Montevidéu, diante do Atlético Nacional. A partida representava um desafio de grande importância para o Inter, que poderia se complicar na fase de grupos da competição continental. Roger surpreendeu na escalação ao promover Ricardo Mathias como titular — confiança que ele correspondeu com bola na rede.
Com apenas uma chance clara, o atacante mostrou frieza e faro de gol. Garantiu os três pontos fora de casa e aliviou a pressão sobre o time. A atuação, somada à escassez de alternativas no setor ofensivo, consolidou o jovem como titular.
Na partida seguinte, contra o Mirassol no Beira-Rio, pela Série A, mais uma vez o atacante não decepcionou. Em jogo apagado do Inter, foi dele o gol que evitou a derrota. Com isso, encerrou um jejum dos atacantes colorados, que não marcavam há quase um mês.
Formação e trajetória nas categorias de base
Natural de Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, Ricardo Mathias se destacou ainda adolescente pela Ferroviária, durante o Paulistão Sub-15. Seu desempenho chamou atenção e resultou na ida ao Internacional em 2022. Pelas categorias de base, despontou rapidamente no Celeiro de Ases.
Em 2023, após boa campanha na base colorada, foi convocado para a seleção brasileira sub-17 e participou da conquista do Sul-Americano. Atuou em cinco jogos, com um gol marcado. No ano seguinte, também ganhou minutos no time sub-20 da seleção, mas teve pouco espaço. Jogou apenas 36 minutos no Sul-Americano Sub-20, que culminou em mais um título para o Brasil.
Apesar da curta sequência no torneio, seu retorno ao Inter foi discreto. Não participou do Campeonato Gaúcho e chegou a ser reincorporado ao elenco sub-20. Ainda assim, manteve o foco e mostrou maturidade para recomeçar no profissional.
Perspectivas e retomada com Roger Machado
Com a chegada de Roger Machado em 2024, a dinâmica no time principal mudou. Aos poucos, Ricardo ganhou espaço e fez sua estreia no Beira-Rio contra o Athletico Paranaense. No Brasileirão do ano passado, atuou em cinco partidas e balançou as redes com um golaço de letra diante do Corinthians, na Neo Química Arena.
O início de 2025, no entanto, havia sido de poucas oportunidades. A preparação para o Sul-Americano Sub-20 e sua participação limitada no torneio o tiraram do radar principal. No retorno, reintegrado ao sub-20 para retomar o ritmo, precisou esperar as dores dos companheiros abrirem espaço.
A paciência foi recompensada no momento certo. Com apenas 18 anos, Ricardo Mathias demonstra maturidade além da idade e se apresenta como a nova referência ofensiva do Inter. Com dois gols consecutivos e boas atuações, convenceu a torcida, o técnico e reforçou sua presença entre os profissionais.
Enquanto Enner Valencia e Rafael Borré se recuperam, o jovem atacante ganha moral e sequência. Já não é apenas mais uma escolha emergencial: começou a se consolidar como protagonista ofensivo e promessa com desempenho efetivo.
