As transferências mais inesperadas de técnicos em seleções

A nomeação de Carlo Ancelotti como técnico da Seleção Brasileira marca uma reviravolta rara e histórica no futebol. Após mais de seis décadas, o Brasil volta a apostar em um estrangeiro no comando da Canarinho.

Essa escolha fora da curva reacendeu o debate sobre técnicos internacionais em seleções nacionais. Aproveitando o contexto, destacamos outras nove transições surpreendentes que movimentaram o cenário mundial.

Carlo Ancelotti no Brasil

Um dos treinadores mais vitoriosos do século XXI, Carlo Ancelotti assumiu o compromisso com a Seleção Brasileira com um legado europeu imponente nas costas. Campeão por clubes como Milan e Real Madrid, ele se tornou o segundo estrangeiro a dirigir o Brasil em competições oficiais — o primeiro desde Filpo Núñez, em 1965.

Sua chegada quebra uma tradição nacionalista na CBF e sinaliza busca por um perfil experiente, gestor de estrelas e pragmático. A escolha pegou muita gente de surpresa, considerando o banco global de técnicos disponíveis, além do peso da camisa verde e amarela.

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Luiz Felipe Scolari em Portugal

Felipão, campeão mundial com o Brasil em 2002, aceitou dirigir a Seleção Portuguesa em 2003. A transição à época foi considerada ousada, não só pelo seu histórico com o Brasil, mas pelo fato de Portugal nunca ter contado com um técnico estrangeiro em torneios tão importantes.

Sob seu comando, os lusos chegaram à final da Euro 2004, na qual perderam para a Grécia em Lisboa. Mais tarde, Felipão ainda voltaria a comandar o Brasil em 2014, também com enorme repercussão.

Hervé Renard na Arábia Saudita

Conhecido por seu trabalho em seleções africanas — incluindo títulos com Zâmbia e Costa do Marfim na Copa Africana de Nações — o francês Hervé Renard causou espanto ao assumir a Arábia Saudita.

Sob sua batuta, os sauditas protagonizaram uma das maiores zebras da Copa do Mundo de 2022, ao vencerem a Argentina por 2 a 1 logo na estreia. O resultado evidenciou seu impacto imediato e conhecimento estratégico em elencos menos badalados.

Guus Hiddink na Coreia do Sul

O nome de Guus Hiddink ficou eternamente marcado na história da seleção sul-coreana. O holandês aceitou o desafio de treinar o país asiático em 2001, visando a Copa do Mundo de 2002, que seria disputada em casa, junto com o Japão.

Contra todas as expectativas, levou a Coreia à semifinal — algo inédito até então. A campanha colocou seu nome no panteão do futebol asiático e propagou a presença de técnicos europeus em outras seleções do continente.

Bora Milutinovic em cinco continentes

O sérvio Bora Milutinovic é um verdadeiro nômade do futebol. Treinou cinco seleções diferentes em Copas do Mundo: México (1986), Costa Rica (1990), EUA (1994), Nigéria (1998) e China (2002). Cada aceitação surpreendia mais que a anterior.

Com uma habilidade rara de adaptar-se a diferentes culturas e idiomas, Milutinovic se firmou como referência global em trabalhos emergenciais de Copa, sempre levando seleções às fases de mata-mata — exceto pela última.

Sven-Göran Eriksson na Inglaterra

A ida do sueco Sven-Göran Eriksson para a seleção inglesa em 2001 quebrou um tabu de mais de 120 anos: foi o primeiro estrangeiro a dirigir o English Team. Sua chegada à Federação Inglesa causou debate intenso entre os torcedores e a imprensa local.

Apesar de não conquistar grandes títulos, Eriksson levou a Inglaterra às quartas de final em duas Copas do Mundo (2002 e 2006) e na Euro 2004, e deixou sua marca na modernização do futebol britânico.

Marcelo Bielsa assumindo o Uruguai

Bielsa, conhecido por seu estilo ofensivo e metódico de treinar, atraiu olhares ao aceitar o comando da seleção uruguaia em 2023, após passagens marcantes por Argentina, Chile e Leeds United.

A escolha foi considerada ousada por unir dois estilos contrastantes: o pragmatismo histórico uruguaio e a filosofia de intensidade de Bielsa. A aposta, até agora, demonstrou resultados positivos nas Eliminatórias Sul-Americanas.

Otto Pfister e sua jornada africana

O alemão Otto Pfister se tornou um personagem recorrente entre seleções africanas. Treinou diversas equipes do continente, incluindo Togo na Copa de 2006, um feito surpreendente para a pequena nação africana.

Com larga experiência e espírito aventureiro, assumiu também Camarões, Gana e Burkina Faso, sempre desafiando expectativas. Seu nome é sinônimo de desbravamento no futebol de base do continente.

Ricardo La Volpe no México

Argentino de nascimento, Ricardo La Volpe adotou o México como lar futebolístico. Em 2002 foi anunciado como técnico da seleção mexicana, conduzindo a equipe à Copa do Mundo de 2006 com futebol ofensivo e envolvente.

A escolha dividiu opiniões, mas a sua filosofia deixou legado na estrutura tática do México, influenciando gerações posteriores, como a de Juan Carlos Osorio e o próprio Gerardo Martino.

Philippe Troussier no Japão

O francês Philippe Troussier assumiu o comando da seleção japonesa no fim dos anos 1990, em preparação para a Copa de 2002. A contratação de um europeu com experiência africana (ele havia treinado Costa do Marfim e Burkina Faso) causou surpresa.

Sob sua gestão, o Japão chegou às oitavas de final do Mundial em casa e consolidou sua posição como potência emergente no cenário asiático. Troussier também é lembrado por implementar métodos de treino ocidentais no país.

Transferências que mudaram rotas

A presença de técnicos estrangeiros em seleções nacionais muitas vezes gera debates sobre identidade, cultura futebolística e resultados. No entanto, como mostram os exemplos citados, essas transições inesperadas têm capacidade de elevar o patamar técnico e tático de equipes ao redor do mundo.

Assim como Ancelotti no Brasil, cada nome citado mudou o curso da história das seleções que comandaram — muitas vezes desafiando tradições com apostas ousadas e, em diversas ocasiões, bem-sucedidas.

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