Como ficará a seleção brasileira com Carlo Ancelotti?

Carlo Ancelotti Real Madrid Arsenal — Foto: Catherine Ivill/Getty Images

A presença de Carlo Ancelotti à frente da seleção brasileira começa a tomar forma no cenário do futebol mundial. A confirmação de que o treinador italiano assumirá o comando técnico após a Copa América de 2024 desperta expectativas sobre mudanças no estilo de jogo, na disciplina tática e na convocação dos atletas.

O Brasil, tradicionalmente ofensivo e criativo, receberá o olhar pragmático e vitorioso de um treinador europeu consagrado, especialista em extrair o melhor de elencos estelares. Com isso, o que se pode esperar para o futuro próximo da seleção?

Perfil tático de Ancelotti

Carlo Ancelotti construiu sua reputação com base na gestão de grandes grupos, capacidade de adaptação e profundo entendimento tático. Nos clubes por onde passou — Milan, Chelsea, Real Madrid, Bayern de Munique e PSG — adotou modelos de jogo distintos conforme o elenco que tinha em mãos.

Apesar disso, o italiano é conhecido por priorizar um posicionamento estruturado, equilíbrio entre os setores e liberdade para os jogadores decisivos. Ele evita o jogo ultra ofensivo sem respaldo defensivo, o que pode representar um novo paradigma para o estilo da seleção canarinho.

Seu tradicional 4-3-3 ou o 4-4-2 em losango permitem compor um meio-campo sólido, algo que o Brasil carece desde a época de Casemiro no auge. A versatilidade será uma exigência para os convocados, especialmente meias e laterais, que deverão saber compensar espaços e ajustar o ritmo da partida.

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Reformulação de elenco

Um dos principais impactos da chegada de Ancelotti será na convocação e aproveitamento das promessas brasileiras. Jogadores como Vini Jr., Rodrygo e Éder Militão, que já trabalharam com o técnico no Real Madrid, devem ganhar espaço prioritário no novo ciclo.

Entre os nomes que podem perder espaço ou encontrar funções diferentes, estão:

  • Neymar: uma gestão cuidadosa será necessária para preservar sua condição física sem abrir mão de seu protagonismo técnico.
  • Richarlison: em má fase, sua titularidade pode ser contestada por nomes como Pedro, Gabriel Jesus ou o jovem Endrick.
  • Fred e Paquetá: podem ser testados em papéis diferentes no meio-campo, com obrigações táticas mais rígidas.
  • Laterais-direitos: com poucas opções consistentes, Ancelotti pode pedir naturalizações ou mudanças de posição.

Ancelotti valoriza jogadores disciplinados, com capacidade de recomposição e leitura de jogo — características que nem sempre são priorizadas nas categorias de base do Brasil. Com isso, há uma tendência de aumento na competitividade por vagas e maior presença de atletas que atuam na Europa.

Adaptação ao estilo europeu

A tendência é que a seleção brasileira adquira uma nova identidade tática, mais próxima das principais escolas europeias. Isso não significa abrir mão do talento individual ou da cultura de improviso, mas sim equilibrar esses aspectos com um modelo coletivo sólido e funcional.

Nos últimos anos, seleções como França e Argentina foram bem-sucedidas ao mesclar o talento bruto com a organização tática. A chegada de Ancelotti pode colocar o Brasil nesse mesmo caminho, favorecendo atletas que consigam atuar em mais de uma posição e manter intensidade durante os 90 minutos.

Além disso, o técnico italiano deve introduzir rotinas mais rígidas de treino, controle físico e psicológico, e foco na parte estratégica dos jogos. A comissão técnica da CBF também tende a passar por reestruturação, com profissionais estrangeiros sendo integrados à seleção.

Implicações para a CBF e torcedores

A escolha de Carlo Ancelotti representa também uma mudança na mentalidade da CBF, apostando em uma figura externa ao circuito tradicional de treinadores brasileiros. Essa decisão nasceu após anos de instabilidade, más campanhas e escassez de títulos expressivos pós-2019.

Para os torcedores, a nova era acende esperanças, mas também levanta dúvidas quanto à preservação da “identidade brasileira” no futebol. Será que o DNA criativo do Brasil sobreviverá à organização metódica de Ancelotti? Ou será modernizado com sucesso?

Desde já, o engajamento popular será fundamental. A recepção midiática, o acompanhamento dos resultados e a evolução do time sob novo comando determinarão o apoio ao projeto até a Copa de 2026, nos Estados Unidos, Canadá e México.

Vantagens estratégicas da contratação

Do ponto de vista estrutural, diversas vantagens podem ser destacadas:

  • Experiência internacional: multicampeão por clubes e vencedor de Ligas dos Campeões, Ancelotti traz uma bagagem inquestionável.
  • Gestão de grupo: habilidade de lidar com egos e unir jogadores consagrados com jovens talentos.
  • Domínio tático: conhecimento detalhado de esquemas e estratégias utilizados nas principais seleções e ligas do mundo.
  • Renovação gradual: não é um técnico radical, tende a fazer transições suaves e sem rupturas drásticas.

Essas qualidades tornam a aposta menos arriscada do que uma contratação emergencial ou totalmente experimental — como ocorreu em outras Copas.

Expectativas para a primeira convocação

Ainda é incerto quando Ancelotti participará ativamente das convocações, mas tudo indica que sua estreia será em amistosos no segundo semestre de 2024. Até lá, Fernando Diniz deve continuar acumulando funções, ao menos até encerrar a Copa América.

É provável que a primeira convocação sob comando efetivo de Ancelotti traga:

  • Integração de nomes do elenco do Real Madrid.
  • Jovens que se destacam na Premier League ou em ligas de primeira linha europeias.
  • Testes pontuais com jogadores do futebol brasileiro, sobretudo os com disciplina tática.

Diante desse cenário, os próximos meses servirão para mapeamento profundo das condições físicas e técnicas dos atletas, além de treinamentos fechados e intercâmbios com clubes estrangeiros.


Com Carlo Ancelotti, a seleção brasileira inicia uma fase de transição entre a técnica e a tática, entre o passado glorioso e o futuro que exige reinvenção. Naturalmente, a implementação de seu estilo dependerá de resultados, sobretudo nas Eliminatórias e no próximo Mundial. Mas sua presença já representa, por si só, um marco na modernização do futebol brasileiro.

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