Os pilares do acesso histórico do Remo à série A após 31 anos

Depois de mais de três décadas de ausência na elite, o Clube do Remo enfim garantiu seu retorno à Série A. O feito histórico foi confirmado em 23 de novembro de 2025, marcando o fim de um jejum que durava desde 1994.

Com uma vitória decisiva contra o Goiás, por 3 a 1, o time paraense contou com a ajuda dos resultados da rodada e protagonizou uma das campanhas mais marcantes da história recente do futebol brasileiro.

A virada com Guto Ferreira

A chegada de Guto Ferreira foi o divisor de águas da campanha do Remo. Contratado na 29ª rodada da Série B, o treinador assumiu uma equipe oscilante e tirou o máximo rendimento em um curto prazo. Com 10 jogos, somou 7 vitórias, 2 empates e apenas 1 derrota — um aproveitamento superior a 76%.

Antes disso, o Remo acumulava 9 vitórias em 28 partidas, com rendimento abaixo de 50%, o que apontava para uma campanha de meio de tabela. Com o apelido de "Rei dos Acessos", Guto conquistou seu quinto acesso para a Série A, igualando o recorde de Givanildo de Oliveira.

Além da melhora tática, Guto promoveu mudanças decisivas, como o retorno de Sávio à lateral e o aproveitamento de Cantillo como referência no meio. O elenco, antes desacreditado, recuperou mentalmente e respondeu com uma arrancada que culminou na festa no Mangueirão.

O treinador fez questão de exaltar o trabalho coletivo nos bastidores, reconhecendo que o projeto contou com a atuação de profissionais além das quatro linhas. O "mundo azul" invadiu Belém para celebrar uma campanha histórica.

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Pedro Rocha: da seca à artilharia

Outro nome essencial para o retorno à primeira divisão foi Pedro Rocha. O atacante de 31 anos viveu uma temporada de redenção, tendo terminado 2024 sem marcar gols durante suas passagens por Fortaleza e Criciúma. No Remo, reencontrou seu melhor futebol.

Foram 19 gols e 9 assistências em 44 jogos, sendo 15 gols apenas na Série B, o que o fez terminar como artilheiro da competição. A atuação na "final antecipada" contra o Goiás foi emblemática: um gol e duas assistências que encaminharam o acesso.

A última vez que o jogador havia atingido números semelhantes foi em 2016, pelo Grêmio. Sua regularidade nas últimas rodadas foi crucial, participando diretamente de 8 gols em 10 jogos. Além do desempenho técnico, seu papel como líder em campo foi essencial para a reta final vitoriosa.

Pedro Rocha creditou sua performance ao ambiente criado no clube e à ajuda dos companheiros. A aposta do Remo em seu nome, dada sua temporada anterior apagada, mostrou-se certeira.

Reforços pontuais e de impacto

O acesso do Leão Azul não se construiu apenas em nomes conhecidos. Novos reforços chegaram ao longo da temporada, incluindo estrangeiros que contribuíram nas fases decisivas. O uruguaio Diego Hernández, emprestado pelo Botafogo, teve cinco participações em gols na reta final. O também uruguaio Nicolás Ferreira teve igual desempenho.

Outro nome marcante foi João Pedro, atacante com dupla nacionalidade portuguesa e guineense, que balançou as redes quatro vezes em 13 partidas. Dois desses gols aconteceram no importante confronto contra o Goiás.

Além deles, o experiente grego Panagiotis Tachtsidis integrou o meio-campo. O ex-jogador de clubes como Roma e Genoa fez nove jogos e deu consistência ao setor. A presença desses jogadores, mesmo que por pouco tempo, deu profundidade ao elenco e alternativas ao técnico Guto Ferreira.

O investimento para formar esse grupo incluiu nomes como Cantillo, Marrony, Nathan e Janderson. Nem todos renderam ao esperado, mas a profundidade do plantel fez diferença na disputa longa da Série B.

Estruturação financeira e bastidores

O acesso não teria acontecido sem uma ação estratégica nos bastidores. Quem comandou o projeto esportivo foi Marcos Braz, ex-vice-presidente de futebol do Flamengo. Com experiência no mercado, Braz trouxe jogadores conhecidos e utilizou boas relações com grandes clubes.

Segundo ele, o clube não ultrapassou sua realidade. O custo mensal da folha salarial girava entre os maiores da Série B, mas dentro da média competitiva. Jogadores como Kayky, do Fluminense, tiveram parte dos salários bancados pelo clube de origem. O mesmo aconteceu com atletas do Botafogo e do Santos.

No total, o clube afirma ter injetado R$ 2,3 milhões ao longo da temporada, valor considerado expressivo para os padrões anteriores. A condução técnica e a diretoria esportiva conseguiram transformar esses recursos em resultados dentro de campo.

Com isso, o Remo não apenas voltou à elite após 31 anos, como mostrou organização e planejamento — requisitos básicos para sobreviver na Série A.

Retorno da região Norte à elite

O acesso do Remo também representa um feito regional. Depois de duas décadas, um clube do Norte do Brasil voltará à Série A. A última vez havia sido em 2005, com o rival Paysandu. Agora, o Leão Azul se consolida como o representante da região na elite nacional.

Desde 1994, essa será a primeira vez em que o clube disputará a principal divisão. Nas décadas anteriores, o Remo participou da Série A em temporadas como 1972 a 1980, e novamente em 1985, 1986, 1993 e 1994.

A força da sua torcida foi destacada por dirigentes e jogadores como uma das engrenagens principais. Com apelos fortes em Belém e no estado do Pará, o clube projeta usar essa base de apoio para estruturar-se e manter-se na elite.

O desafio agora será manter a competitividade, reforçar o elenco e transformar o acesso em permanência. O clube mira repetir casos de sucesso e espera que a paixão da torcida impulsione mais um salto em sua trajetória.

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