O Campeonato Capixaba de Futebol, também chamado de Capixabão, transcende a mera competição esportiva; ele personifica a paixão e a identidade do estado do Espírito Santo. Desde sua criação em 1917, o torneio tem sido um palco de rivalidades históricas e revelações de talentos, consolidando-se como o principal evento futebolístico do estado.
A história do Capixabão se entrelaça com a evolução do próprio futebol no Brasil, refletindo mudanças sociais, econômicas e culturais. Ao longo dos anos, o campeonato testemunhou momentos de glória, controvérsias e reviravoltas, que moldaram o cenário esportivo capixaba.
O que você vai ler neste artigo
Os Primórdios do Futebol Capixaba
O pontapé inicial do futebol no Espírito Santo foi dado em 1917 com o Campeonato da Cidade de Vitória. Organizado pela Liga Sportiva Espírito Santense (LSES), o torneio reunia os cinco principais clubes da capital: América, Barroso, Moscoso, Rio Branco e Victoria (atual Vitória Futebol Clube). O América sagrou-se o primeiro campeão, marcando o início de uma era.
A Era Amadora e as Primeiras Rivalidades
Nas décadas seguintes, o Campeonato Capixabase consolidou como um evento de grande importância para a sociedade local. Clubes como Rio Branco e Vitória dominaram a competição, protagonizando duelos acirrados que despertavam a paixão dos torcedores.
Um episódio marcante ocorreu no Campeonato de Vitória de 1919, quando o título foi disputado entre Vitória e Rio Branco em meio a controvérsias. A partida decisiva terminou empatada, mas foi anulada devido a supostas irregularidades. Em novo jogo, o Rio Branco venceu, mas o Vitória recorreu. A LSES, em uma decisão polêmica, determinou a realização de outra partida, vencida novamente pelo Rio Branco.
Em 1930, o campeonato expandiu-se para além da capital, tornando-se estadual. Carlos Lindenberg, zagueiro do América, que mais tarde se tornaria governador do estado e senador, personificava a ligação entre o esporte e a política na época.
A Profissionalização e a Hegemonia da Desportiva
A partir da década de 1960, o Campeonato Capixaba entrou em uma nova fase, com a profissionalização dos clubes e a ascensão da Desportiva Ferroviária. O clube grená, impulsionado pela força da Companhia Vale do Rio Doce, conquistou diversos títulos e se tornou uma potência no cenário nacional.
O Caso de 1971 e a Disputa Judicial
O ano de 1971 ficou marcado por uma grande polêmica. Desportiva e Rio Branco disputavam o título, e a Desportiva havia vencido duas partidas e empatado outra. A diretoria do Rio Branco, contudo, descobriu que dois jogadores da Desportiva haviam sido inscritos irregularmente, pois jogavam simultaneamente o Campeonato Mineiro. O caso foi parar no STJD da CBF, que anulou a decisão. Uma nova partida foi marcada, mas a Desportiva não concordou, e o Rio Branco foi declarado campeão.
A Criação do Acesso e Descenso
Em 1985, o campeonato inovou ao instituir o sistema de acesso e descenso, buscando aumentar a competitividade e a representatividade dos clubes do interior.
O Século XXI e a Busca por Modernização
No século XXI, o Campeonato Capixaba enfrentou novos desafios, como a globalização do futebol e a crescente profissionalização dos clubes. A competição buscou se modernizar, investindo em infraestrutura, marketing e profissionalização da gestão.
A Final Conturbada de 2009
Em 2009, a final entre São Mateus e Rio Branco foi interrompida pelo árbitro antes do término devido a expulsões e lesões que deixaram o Rio Branco com menos de sete jogadores. O título foi homologado para o São Mateus, decisão mantida pelo STJD.
O Centenário e a Desportiva Campeã
Em 2016, o Campeonato Capixaba celebrou sua 100ª edição, com a Desportiva Ferroviária sagrando-se campeã ao derrotar o Espírito Santo FC. No ano seguinte, o Atlético Itapemirim conquistou o título de forma invicta, marcando o centenário da competição com uma final inédita.
Rio Branco: O Rei do Capixabão
Com 39 títulos, o Rio Branco é o maior vencedor da história do Campeonato Capixaba. O clube alvinegro, fundado em 1913, construiu uma trajetória de glórias e se tornou um símbolo do futebol capixaba.
Desportiva Ferroviária: A Força Grená
A Desportiva Ferroviária, com 18 títulos, é o segundo clube com mais conquistas no Campeonato Capixaba. O clube de Cariacica marcou época com seu elenco de estrelas e sua torcida apaixonada.
Vitória: Uma História de Tradição
O Vitória, com 10 títulos, completa o pódio dos maiores campeões capixabas. O clube alvianil, um dos mais antigos do estado, possui uma rica história e uma legião de fãs.
A Diversidade de Campeões
Além dos grandes clubes da capital, o Campeonato Capixaba também consagrou equipes do interior, como Linhares EC, Serra, São Mateus e Real Noroeste. Essa diversidade de campeões demonstra a força do futebol em todo o estado.
Artilheiros que Fizeram História
O Campeonato Capixaba revelou diversos artilheiros que marcaram época no futebol capixaba e nacional. Washington Baiano, Júlio Cézar e Edinho são alguns dos nomes que brilharam como goleadores da competição.
O Futuro do Capixabão
O Campeonato Capixaba segue em busca de novos horizontes, com o objetivo de fortalecer o futebol capixaba e proporcionar grandes emoções aos torcedores. A competição continua a revelar talentos, promover a integração social e impulsionar o desenvolvimento do esporte no estado do Espírito Santo.
Em conclusão, o Campeonato Capixaba de Futebol representa muito mais do que um simples torneio esportivo. É um patrimônio cultural do estado, um símbolo de identidade e uma fonte de paixão para milhares de capixabas. Sua história, rica em momentos marcantes e personagens inesquecíveis, merece ser celebrada e preservada para as futuras gerações.
Perguntas frequentes
A primeira edição do campeonato capixaba ocorreu em 1917, sendo disputada como o “Campeonato da Cidade de Vitória”. A competição foi organizada pela Liga Sportiva Espírito Santense (LSES) e contou com a participação de clubes da capital.
O Rio Branco é o clube com o maior número de títulos no campeonato capixaba, totalizando 39 conquistas ao longo da história da competição.
A disputa pelo título de 1971 é lembrada como uma das maiores controvérsias da história do torneio. A Desportiva Ferroviária havia conquistado o título em campo, mas o Rio Branco questionou a inscrição irregular de jogadores rivais. Após longa disputa legal, o Rio Branco foi declarado campeão.
Atualmente, o campeão do campeonato capixaba garante vaga na Copa do Brasil, na Copa Verde e no Campeonato Brasileiro Série D do ano seguinte. O vice-campeão garante vaga apenas na Copa do Brasil.